31.10.07

Trilhos

Trilhos trilhos e mais trilhos,
Tudo feito para nos encaminhar
Tudo sustentado pela grande força:
O grito seco do consumo.
A vida feita à pressa
A luta perdida contra o tempo
A escrita simples
Viver tudo como se nunca
Se fosse morrer.
A eterna juventude
Torna-se o próprio marketing,
O rio não seca desde que
Se mantenha a torneira aberta.
Desejem, queiram consumir,
Sejam o maior inimigo
Do vosso próprio estômago.
Em verdade vos digo,
Mais uma vez,
Quem muito quer levar em viagem
Muito pouco trás na volta.
Quero lá saber do que levaram
Isso vimos todos bem,
O mesmo se passa em vida
A algum lado irá dar
C'um raio,
Paralelamente
Esse lado aqui neste texto
É a morte.
Essa certeza cimeira
De todas as filosofias
Mais ou menos egoístas
Mais ou menos esquecidas.

Depois acabam por se ver
Criaturas a tudo fazer
Pela eterna juventude,
Até com jovens competem
Talvez alguém o fez
Quando também o eram.

Voltando aos trilhos,

Todos escravos do tempo
De ordenado em ordenado
Como ponteiros de 1 relógio
Às voltas todos os dias.