31.12.06

Sonhos

Fôramos todos para o palco da vida
Vestir o papel que nos coube
Em fato de membros e extremidades e:
A boca de cena abrir-se-ia
Para um abocanhar de olhos espetados
Em cérebros atentos e ávidos.
As sensações saltariam
Como golfadas de sangue,
Do festim a que não faltou a sobremesa,
Servida fora da sala em bandejas quentes
De ecos de teatros do espírito
Que tudo abocanham.
Cada encenação molda o espaço
Com emissões de sons,
Cheiros, ideias, sensações.
Cada aplauso reconhece
Aqueles que se ergueram
Ao placo, ao sacrifício,
E estarem ali,
E para sempre perderem
O quadro vivo.

Por não apoiarmos os sonhos dos outros
Estamos todos a viver um pesadelo.