15.1.10

Terremoto

Adoramos assim o conforto,
Nascemos do quentinho,
Dormimos no céu.
Sentado no sofá toco e toca-me o mundo
Através de uma máquina pequena.
Estico o braço e aponto à TV
Escolhendo que realidade ter.
Escorre calor pelas veias de minha casa.
E tenho um caixote branco
Sempre frio por dentro.
Um ainda maior com rodas e volante.
Estou na pontinha de cima
Do icebergue da humanidade,
O das suas condições de vida.
Icebergue criado e mantido,
E cada vez mais alto.
Terá que haver um limite,
De acumulação de riqueza.
Perante as desgraças do Mundo
Estremeço-me detenho-me
E quero mesmo muito derrete-lo,
Aos poucos, qual sol irado.