21.3.07

Em lágrimas

Derivei de um confortável sofá
Para me ver à janela de um quadro único.
Sorvi um pouco de chá
Fazendo saltar a colher de metal.
Desejei ver pôr-se o sol por mais tempo
Mas o chá já era frio para chá.
Os meus olhos brilharam toda a noite
Como se estivessem hipnotizados.
Era como se a luz preferisse reflectir-se neles,
E, ao mesmo tempo, eles fossem a lua
Que reflecte os fotões que são vistos por todos nós.
O sofá roça na minha perna convidando-me a sentar.
Os canários da vizinha estão demasiado calmos
Para um pé de perna traçada que agita o ar.
Encontro a lareira com os meus olhos,
Acenava-me com calor que me escapara.
Entrou alguém que se entrepôs entre mim e a lareira
E desejei que fosse fechar a porta.
Fechei os olhos e a humidade saiu
Em lágrimas rosto abaixo.

26-4-2003